sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Lição para o futuro



"É ocioso pensar sobre o justo e o injusto,
o certo e o errado e os feitos passados.
O útil é analisar, e se possível extrair
uma lição para o futuro."


Gandhi



O ser humano está sempre lembrando, relembrando. São lembranças boas e outras ruins, mas sempre se volta ao passado. Alguns mais e outros menos, mas volta e meia um acontecimento antigo nos vêm à mente. Alguns desses acontecimentos teimam em não sair da nossa mente. Outros passam anos e anos sem que nos lembremos. É quando de repente uma palavra, uma ação ou até mesmo um objeto leva nosso pensamento a um acontecimento remoto, como uma brincadeira de criança, um lugar, uma pessoa que nos marcou ou mesmo um fato triste. Certas lembranças são apenas flashs, mas outras insistem em nos perseguir durante todo o dia, semanas, meses e anos.

O que tirar de tudo isso? Vale apenas voltar no tempo? O que essas lembranças podem nos trazer? Tristeza ou alegria? Dor ou alívio? Não importa qual seja. Precisamos aprender a não só recordar, mas sim refletir para extrair uma lição. Certos acontecimentos precisam ser refletidos, analisados para que aprendamos. Não basta lembrar é preciso tirar uma lição para que o presente e o futuro seja melhor. Já diziam que quem vive de passado é museu, mas considero esse pensamento bastante radical. Afinal não podemos apagar o que vivemos. Não se vive SEM lembranças assim como não se vive apenas COM lembranças. Precisamos sim encontrar um equilíbrio. Lembrar é gostoso demais ou até dolorido dependendo do que seja, mas VIVER é isso. Aprendamos então com o passado para vivermos melhor o presente e o futuro.

* Tela de Pino Daeni "Thinking of you".

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

A dor de todos

O sofrimento de João Helio não pode ser em vão. Até quando vamos aguentar isso? Dá para entender tamanha barbárie? Como um ser humano é capaz de tanta crueldade? Ver um garoto de apenas 6 anos morrer de forma tão brutal e não esboçar nenhum sentimento? Que seres covardes são esses que flagelam uma criança desta forma? Não tem um coração, tem uma pedra no lugar. Vamos deixá-los impunes? À sociedade cabe lutar cada vez mais para medidas de segurança mais eficazes e punição de verdade para os criminosos. Não podemos nos trancar em casa enquanto eles ficam soltos liberados para cometerem mais crimes bárbaros.

"A miséria da condição humana é tal,que a dor é seu sentimento mais vivo."
Jean Lerond D'Alembert

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

O prisioneiro

Trouxeram-me a prisioneira ao interrogatório.

Recusei-me às perguntas porque as respostas estavam ao passado. Sequer o futuro se lhe indagou; que também recusou perguntar, quando os carrascos lhe disseram:

— Pergunte o que quiser.
Ela apenas balbuciou: — Eu sei.

Mentíamo-nos, porque jamais nos víramos.

Decretei a prisão imediata de todos os carrascos. Mantive a prisioneira sob algemas, que ninguém é louco de manter tesouro tão rico ao léu;

mas, prudência maior, soltei-lhe os braços e mudei as algemas
aos meus próprios pulsos.
Ela — os gestos diziam que me seriam sob afagos.

Deixei: apenas que os olhos, os cabelos úmidos:

— Os meus? Os dela?

Era o chamamento.

Soares Feitosa

Gostei muito deste poema. É diferente e profundo. É uma poema que precisa ser lido e relido para ser interpretado. E ainda tem um quê de mistério em seu verso final: "Era o chamamento". A partir daí cada um tira sua própria conclusão. Encantei-me com a total entrega ao amor. Alguém que abandonou todas as convenções em nome do amor. Será que existe alguém que tenha coragem para tanto?

terça-feira, fevereiro 06, 2007

O copo d'água

O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d'água e bebesse.
- Qual é o gosto? - perguntou o Mestre.
- Ruim - disse o aprendiz.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago. Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago, então o velho disse:
- Beba um pouco dessa água. Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o Mestre perguntou: - Qual é o gosto?
- Bom! - disse o rapaz.
- Você sente o gosto do "sal"? - perguntou o Mestre.
- Não. - disse o jovem.
O Mestre então sentou ao lado do jovem, pegou sua mão e disse:
- A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende do lugar onde a colocamos. Então quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido das coisas. Deixe de ser um copo. Torne-se um lago...

Autoria desconhecida


Recebi este texto de uma amiga e fiquei pensando na mensagem contida nele. Como é verdade que a dor que uma pessoa sente não muda. Ela pode doer mais por um tempo e depois reduzir de intensidade ou até mesmo adormecer. Mas ela ficará como uma marca ou uma ferida. Algumas feridas são cicatrizáveis outras não. Mas a dor é algo que marca profundamente. Aqui independe de qual dor eu me refiro. Não importa. Seja ela qual for, ela sempre nos acompanha. Mas cabe a nós saber como viver. Como o mestre do texto acima nos diz "A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende do lugar onde a colocamos.". É verdade. Não podemos deixar de viver só porque uma dor insiste em nos acompanhar. Procuremos um lugar para ela, esconda-a em algum lugarzinho da sua mente ou coração, mas esqueçamo-la por um tempo. Vamos viver!





domingo, fevereiro 04, 2007

Sonhos despedaçados


"Quando seus sonhos se despedaçarem,
varra os pedaços e guarde-os.
Pontinhas de esperança podem ser
encontradas nas ruínas
de sonhos estilhaçados."
Cherry Hartman



Na vida adquirimos muitos sonhos. Alguns surgem durante a infância. Realizáveis ou não realizáveis, todos preenchem a nossa vida. Tanto que muitas vezes quando eles se tornam reais, passamos a sentir um vazio. Assim procuramos um outro sonho para ocupá-lo.

Mas a verdade é que ninguém tem apenas um sonho. Nosso ser é uma caixa de sonhos, os mais diversos possíveis. Simples ou não todos representam um pouquinho de nós. Alguns até parecem simples. Parecem. Pelo menos para outras pessoas sim. No entanto acabamos descobrindo que o que é singular para outro, para nós é de uma complexidade incrível. E isso nos mata, nos destrói, nos diminui e nos desistimula diante da vida.

O que fazer? Correr atrás, mesmo que a vida nos dê surras e mais surras ou aceitar a derrota e tentar encontrar consolo nos pequenos sonhos? E se o nosso sonho mais importante for a razão da nosso viver? Se os pequeninos sonhos não bastarem para nos fazer feliz?

Talvez deva fazer como no pensamento que abre o post, varrer os sonhos despedaçados e guardar as pontinhas. Alguma esperança se pode tirar delas. Será?