"Que
possam se doer em paz os que sofrem: por angústias existenciais,
desamor ou qualquer coisa que pareça banal. Que possam, simplesmente,
silenciar e não sorrir naquele dia. Que possam entrar em contato
profundo com o trecho machucado de sua vida, com a garganta magoada pelo
choro engolido, com a vontade da desistência. E que, a partir disto,
possam qualquer coisa, inclusive decidir o que fazer com isso: pode ser
que tanto, pode ser que nada. Mas, sobretudo, que percebam a não
obrigação de cumprir o imperativo milenar do “reaja, melhore esta cara,
vamos viver!”, pois a vida é esta poça de lama também. Então, que sejam
respeitados em sua dor os que sofrem e que não sejam importunados senão
por um abraço, ou talvez nem isso. Respeitem seus cansaços. Não cobrem
luz da sombra. Que possam se doer em paz enquanto seres sentimentais: ao
menos não fizeram uso de anestésicos emocionais"
[Marla de Queiroz]
Às vezes as palavras nos faltam, mas em oposição os sentimentos transbordam. Não queremos dizer nada, apenas ficar calados e sentir, sentir...coisas que não se explicam. Machucados que não param de doer mesmo que tentemos esquecer e até nos fogem da mente, mas somente por um breve espaço de tempo. E sem licença, sem que o chamemos de volta, eles voltam. Voltam para nos mostrar que não é uma coisa à toa. É como se dissesse "Ei! Não pense que vai se livrar de mim assim tão fácil. Eu continuo aqui. Eu me encolhi aqui no cantinho do seu coração, mas estou aqui. Não me ignore. E aí os dias vão sendo vividos....
@Clécia Melo